Quando vendia barato o que não tinha preço.

O texto de hoje é sobre oportunidade... Muitas vezes na vida você vai ter chance de melhorar ou piorar no aspecto racional e emocional. E quando esse momento chegar é preciso estar aberto para as novas possibilidades. Procure se questionar, se desafiar e principalmente acreditar. E nos momentos de dúvidas, não tenha receio de correr atrás de opiniões de pessoas que querem seu bem, dos mentores que já percorreram o caminho que você deseja trilhar. Lembre-se que o caminho para o sucesso não deve ser um trajeto solitário... Mas cuidado com as amizades que te arrastam para trás.

Ainda sobre oportunidades de melhoria cognitiva, hoje quero compartilhar algo vergonhoso que fiz durante minha infância... Venda de livros (a maioria não eram meus) na feira do centro para gastar com coisas banais. Não tenho idéia de quantos livros paradidáticos entreguei sem pelo menos folhear, sem sequer ver seu título. Eram apenas números, valores... Com certeza passou pelas minhas mãos um enorme acervo cultural, uma grande oportunidade para o meu desenvolvimento no campo literário e cognitivo... Mas eu era um tolo cego pela falta de experiência e bom senso.

Os livros de ensino médio tinham mais valor... Então pedia livros a todos que conhecia que tinham terminado o chamado “Segundo Grau” para, então, praticar essa espécie de contrabando de livros. Alguns eu peguei sem pedir, outros pedi como empréstimo para nunca devolver... Lamentável (muita vergonha aqui). Inclusive, quero deixar claro que estão perdoados todos aqueles que também pediram meus livros emprestados e nunca devolveram (mas adoraria receber meu livro “Vampiro: a máscara terceira edição” de volta).

Era jovem e inconsequente... Entre as várias peripécias que eu pregava no dia a dia estavam: passar rápido por baixo da catraca dos ônibus para não pagar a passagem, comer dentro do supermercado e sair sem pagar, pular muro pra roubar manga e ciriguela... Eu sei, eu não era gente.

Não acredito que exista uma justificativa, mas infelizmente eu perdi meu pai muito cedo e minha mãe acabou tendo que enfrentar o mundo para sustentar a casa, logo eu cresci solto nas ruas. É incrível a minha sorte, por nenhum de meus irmãos ou eu ter terminado como bandido em uma cadeia ou pior. Pois essa foi a realidade de algumas pessoas que participaram da minha infância e adolescência. A falta de rédeas e uma vizinhança assombrada pela marginalidade (minha casa era cercada por diferentes grupos de gangues) acabaram me guiando por muitas decisões ruins... E pra piorar, eu demorei demais a obter juízo e maturidade. Mas insisto em dizer que nada justifica a forma como eu entregava aqueles paradidáticos: tanta história, tanto conteúdo, diferentes universos... Ficou a sensação de que vendi barato o que não tinha preço.

Numa tentativa pífia de redenção doei muitos livros e quadrinhos para meus alunos (ainda faço isso), no supermercado sempre que posso deixo aquele troco solidário, nos ônibus já paguei algumas vezes passagem para aqueles que precisavam e as frutas que crescem no meu quintal eu ofereço para os próximos... E na minha função como educador, eu sempre procuro conscientizar as pessoas para o caminho do bem e da ordem.

Infelizmente, no início da minha adolescência eu tinha potencial, mas não tinha um caminho. E foi justamente com escolhas confusas que acabei adiando e adiando o sonho de escrever um livro. A questão não é você perder uma oportunidade, o problema é você não perceber que a chance chegou e está passando... Nunca é tarde pra começar, no entanto, ninguém quer chegar à velhice e olhar para trás e perceber que sempre esteve cego diante das oportunidades.

Acho que esse é o ponto do dia... Se preparar constantemente para as oportunidades. Escute outras opiniões (principalmente de pessoas que passaram pela mesma experiência cuja oportunidade fornece) para então refletir e tomar uma decisão. Assim você vai maximizar suas escolhas e evitar várias pedras no meio do seu caminho para o sucesso,  diminuindo as chances de você vender barato o que não tem preço.  


                                    

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